Mensagens de utilidade pública informam e orientam a população sobre assuntos que importam a todos e, portanto, têm como propósito valorizar e cuidar da vida. Elas são disseminadas por meio de diversas ações que integram o que chamamos campanhas sociais e educativas e normalmente são realizadas por instituições ou pelo governo afim de orientar e engajar as pessoas em causas ambientais, sociais ou de saúde pública. No percurso didático do projeto Geração+, os estudantes são incentivados e convidados a pensarem e criarem eles mesmos campanhas de utilidade pública dentro dos temas propostos pelo projeto.
O intuito é fazer com que as crianças interajam com o meio em que vivem, assumindo um papel mais participativo na sociedade. Ao realizar uma campanha de utilidade pública, os alunos e alunas são instigados a construir e expor argumentos, expressando seus princípios e valores. “Desta forma, eles desenvolvem competências como pensamento crítico, comunicação, empatia, entre outras”, explica a educadora Marô Camargo, formadora do Geração+. A Base Nacional Comum Curricular (BNCC), documento que determina os direitos de aprendizagem de todo aluno cursando a Educação Básica no Brasil, possui 10 Competências Gerais que devem ser desenvolvidas pelos estudantes ao longo de todos os anos de estudo. Elas permeiam cada um dos componentes curriculares, das habilidades e das aprendizagens essenciais especificados na BNCC e nos currículos locais.
O documento considera competência como sendo a mobilização de conhecimentos, habilidades, atitudes e valores para resolver demandas da vida cotidiana, do exercício da cidadania e do mundo do trabalho. As 10 Competências são: Conhecimento (1), Pensamento científico, crítico e criativo (2), Repertório cultural (3), Comunicação (4), Cultura digital (5), Trabalho e projeto de vida (6), Argumentação (7), Autoconhecimento e autocuidado (8), Empatia e cooperação (9) e Responsabilidade e cidadania (10). Essa orientação por competências convida os alunos a propor e testar soluções em situações verdadeiras e conectadas à sua realidade local ao colocar em prática os conceitos que são aprendidos dentro da sala de aula.
“Para realizar ações e atividades de uma campanha o aluno precisa entender um problema, ouvir e mobilizar as pessoas, apresentar e compartilhar esse conhecimento, terá de usar da persuasão e da capacidade de comunicação, ou seja, uma série de atitudes que permite que ele incorpore conceitos, que são muitas vezes abstratos para ele. O estudante consegue fazer com que o conhecimento adquirido se transforme em prática, em algo que vai mudar um hábito, o olhar e o entendimento sobre as coisas. Você parte de um tema complexo e vai trazendo para o dia a dia da criança, para a realidade dela”, explica Marô Camargo.
Para onde vai tudo isso?
Incentivar a separação e o descarte correto de resíduos secos foi o mote das campanhas realizadas pelos estudantes da EMEF Professora Anna Ruiz Fernandes Furlani, em Pederneiras-SP, e da EMEF Professora Salete Maróstiga, em Boraceia, a partir das explorações propostas pelo Geração+. Na primeira, o público-alvo eram os próprios colegas da escola e, na segunda, as mensagens foram para além dos muros da escola e levadas para a comunidade do entorno. “Nossa mobilização teve como propósito implantar a separação de resíduos secos e úmidos na escola”, conta a professora de Educação Ambiental Natalia Cristina Venancio. Para tanto, os estudantes dos quartos anos fizeram cartazes explicando o que são os resíduos úmidos e sobre compostagem e visitaram todas as outras salas para explicar o que eles estavam fazendo. Já os quintos anos fizeram cartazes e realizaram uma palestra para a escola inteira sobre os resíduos secos, quais são e como iriam começar a separar. “Eles prepararam ainda caixas sinalizadas para coletar os materiais recicláveis, que foram colocadas nas salas de aula”, relata Natalia.
Em Boraceia, a turma do quarto ano da professora Marcia Julia Maia levou os cartazes confeccionados por eles sobre a importância da coleta seletiva, da reciclagem e do descarte correto de alguns materiais como pilhas, eletrônicos, bateria, óleo de cozinha para o comércio ao redor da escola. A campanha, ela explica, foi realizada em etapas: “O material foi feito após leituras que fizemos sobre o tema Resíduos Sólidos. Na sequência, eu visitei todas as outras salas de aula abordando o assunto com as demais turmas e, em seguida, nós pegamos esses cartazes e colamos em padarias, mercadinhos, distribuidora de gás, entre outras lojas”, relata a professora. A última fase da campanha, ela conta, foi a elaboração de uma carta de solicitação direcionada ao prefeito pedindo a colocação de ecopontos na cidade para o descarte de resíduos que podem ser reciclados. “Estamos apenas aguardando a prefeitura agendar a nossa visita para entregarmos a carta”, afirma.
De acordo com Márcia, toda essa mobilização teve como objetivo despertar a consciência para a importância da gestão de resíduos e mostrar o quão fundamental é para o município em que vivemos, para o meio ambiente e qual é a participação de cada um nesse processo. “Enquanto recurso pedagógico, procurei atentá-los para o fato de que escrever também tem uma função social. As crianças se sentem motivadas sabendo que alguém vai ler aquilo que elas escrevem. Os textos, os cartazes estão em todos os lugares, faz parte do cotidiano delas e a partir da campanha elas se deram conta que também podem escrever para alguém ler, que a escrita não é algo só restrito à escola”, explica a professora.
Leave Your Reply